Digitalização e as mudanças regulatórias têm forçado as companhias a repensar estratégias
O mercado de seguros e previdência privada no Brasil passa por um período de expansão e transformação. Se por um lado a pandemia e os eventos climáticos recentes aumentaram a consciência da população sobre a importância da proteção financeira, por outro, a digitalização e as mudanças regulatórias têm forçado as companhias a repensar estratégias, produtos e formas de relacionamento com os clientes. O resultado é um setor mais dinâmico, competitivo e desafiado a atender um consumidor cada vez mais conectado, exigente e atento à reputação das marcas.
Entre as empresas que simbolizam esse movimento estão a Porto e a MAPFRE, duas das maiores seguradoras do País. Com trajetórias diferentes, ambas buscam se adaptar às novas demandas.
MAPFRE acelera digitalização e mira crescimento da previdência privada
Em um cenário de expansão e transformação, a MAPFRE, multinacional de origem espanhola, diz estar apostando em inovação, diversificação e proximidade com os clientes para manter a relevância no Brasil, onde projeta contribuir para que o mercado passe dos atuais 6% para 10% do PIB até 2030.
"O setor vive um momento muito positivo, de crescimento sustentado, mas também de grandes transformações", resume Oscar Celada, CEO adjunto de Negócios da MAPFRE.
A transformação digital está no centro da estratégia. No último ano, a companhia criou o MAPFRE Village, hub de inovação que reúne equipes multidisciplinares em projetos ágeis, e investiu em automação e plataformas digitais. Um dos exemplos é a solução de peritagem em sinistros de automóveis com inteligência artificial (IA), que reduziu em até 80% o tempo de avaliação. "Temos mais de 20 iniciativas em andamento com IA, desde subscrição e precificação até atendimento e análise de risco", afirma Hugo Assis, diretor geral de Inovação e Transformação.
Entre as novidades, estão o uso de IA para abertura de sinistro em auto por voz, imagem ou texto, sem intervenção humana. "Nosso modelo é híbrido: a IA não substitui pessoas, mas potencializa a capacidade humana", completa Assis.
Na área de previdência, a companhia aposta em planos flexíveis e em uma asset própria para gerir os investimentos. "O interesse do brasileiro pela previdência está crescendo. Nosso diferencial está em unir solidez a um atendimento próximo e customizado", afirma Hilca Vaz, diretora técnica de Vida e Previdência.
Porto aposta em tecnologia para fortalecer relação com clientes
Com 80 anos de história e uma das marcas mais reconhecidas do setor de seguros no Brasil, a Porto atravessa um momento de diversificação e modernização acelerada. Se antes o automóvel era o centro absoluto da operação, hoje a companhia amplia seu alcance para saúde, finanças e serviços digitais, em um movimento que busca acompanhar o novo perfil do consumidor.
"A Porto sempre investiu bastante na experiência do cliente, isso faz parte do nosso DNA", afirma Marcos Sirelli, diretor executivo de TI e Atendimento da empresa. Um dos principais investimentos recentes é o Super App Porto, que concentra seguros, produtos financeiros e uma série de serviços disponíveis no celular. O WhatsApp também se tornou um dos canais preferidos: cerca de 60% dos acionamentos já passam por ali.
A inteligência artificial (IA) é outro pilar dessa transformação. A Porto a utiliza há mais de uma década em precificação e avaliação de riscos, mas as aplicações vêm se multiplicando com a IA generativa. Para apoiar os atendentes, a empresa também desenvolveu a ferramenta ApoIA, um "copiloto" que sugere respostas já estruturadas, reduzindo tempo de treinamento e padronizando a qualidade do atendimento. "O humano continua no processo: a decisão final sempre passa por ele", ressalta Sirelli.
O carro-chefe continua sendo o seguro de automóvel - cerca de 40% da receita. Mas o peso já foi maior: entre 60% e 70%. O motivo é o crescimento de outras áreas, como produtos financeiros, saúde e serviços.
Fuente: Jornal do Comercio
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