Com ampliação de 10%, mais de R$ 1,5 bilhão foi pago no estado. A previdência privada também está na mira. Estudo nacional aponta o Recife em 40º no ranking de qualidade para envelhecimento
As seguradoras de Pernambuco, no mercado de vida individual e familiar, registraram, nos últimos 12 meses, uma alta média de 10% na arrecadação. Os dados são apontados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). No nicho geral, que inclui indenizações, benefícios, resgates e sorteios, cerca de R$ 1,5 bilhão foram pagos no estado. O cenário é de mudança no comportamento do consumidor e crescimento na procura pelos serviços. Conforme o segmento, a realidade pós-pandemia, assim como um acréscimo na faixa etária produtiva, contribuiu para uma elevação do nível de consciência da necessidade de se proteger, pensando também no futuro dos familiares.
O produto, antes visto com certo tabu, vem sendo mais valorizado e entendido como ferramenta de estabilidade financeira, sobretudo para quem trabalha por conta própria. A transformação tem despertado interesse, ainda, no público mais jovem e diversos tipos de categorias. “Não é mais uma coisa associada à morte, pelo contrário, é para quem busca um presente saudável, de olho no futuro. Apenas na modalidade de risco, atingimos aqui no estado o 11º lugar em arrecadação no Brasil, totalizando R$ 130 milhões em receitas, apenas no primeiro semestre do ano passado. Um crescimento de 37,4% em comparação ao mesmo período passado”, explica a superintendente regional da Mag Seguros, Bethânia Leal. Em Pernambuco, a empresa conta com 45,8 mil clientes ativos, com idade média de 45 anos.
Segundo ela, é possível, ainda, assegurar a proteção da renda por determinado período, garantindo um suporte em caso de incapacidades temporárias, por acidentes ou doenças graves que levem ao afastamento das atividades. “Um profissional que perde os movimentos do braço, da mão ou mesmo da voz, por exemplo, suas ferramentas de trabalho, estaria prejudicado em grande parte da renda, comprometendo o sustento. No entanto, com uma cobertura ajustada, feita por um profissional adequado, é possível ter este apoio no momento em que mais precisa”, ressalta Leal, que continua. “As pessoas passaram a pesquisar mais sobre isso e conquistar uma mudança de mentalidade. Proteger minha vida é mais prioritário que proteger o meu carro, por exemplo”, orienta.
O gestor de logística, Márcio Barroca, de 54 anos, que atua no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife, diz que fatores como a instabilidade do mercado, a fragilidade dos bens e a prestação deficiente de serviços públicos, como saúde e segurança, são alguns dos critérios que foram considerados na hora de aderir a um seguro. “Quando a idade vai chegando, começamos a nos preocupar mais. É claro que a gente pensa em deixar os filhos, a família, todos mais protegidos, em caso de nossa presença vir a faltar. Porém, o ponto-chave deve ser viver bem hoje, desfrutando de cada momento”, afirma.
Não é diferente para a médica Adriana Lima, 47, moradora do Torreão, na Zona Norte da Capital, que também é cliente de seguros, junto aos dois filhos. Ela revela que já sentiu na pele esta necessidade de amparo. “Fui submetida a uma cirurgia ortopédica de grande porte e tive que ficar fora do consultório várias vezes, por quase um ano. É o tipo de coisa inesperada e pagar por ela não pode ser visto como um gasto ou peso, mas sim um investimento para nos ajudar na hora certa”, afirma.
- Previdência: população vivendo mais e de olho em maior proteção
O Brasil está atingindo um recorde de envelhecimento, de acordo com o mais recente Censo Demográfico, divulgado pelo IBGE. Os indicadores apontam que entre os 203,1 milhões de brasileiros, 22,2 milhões já possuem 65 anos ou mais. No recorte local, os dados mostram que, na última década, o número de idosos em Pernambuco cresceu e alcançou pouco mais de 924 mil pessoas. A faixa etária representa 10,2% da população do estado, composta por 9,2 milhões de pessoas.
Quem vive mais, parece esticar os olhos na proteção. Os planos de previdência privada tiveram crescimento de cerca de 15%, ao longo de 2023, em relação ao mesmo período do ano anterior. O Instituto de Longevidade Mag desenvolveu uma pesquisa que traça este paralelo entre o envelhecimento e as condições de qualidade de vida ofertadas pelas cidades. O estudo coloca o Recife em 40º lugar no ranking do país. Um indicador considerado positivo.
“O levantamento avalia eixos como a economia, com a massa salarial de aposentadoria; a saúde, com a rede hospitalar; e as condições socioambientais, passando pelas relações afetivas e a carga tributária. O maior desafio para lidar com o envelhecimento da população é o tempo. As pessoas já estão mais velhas e pensar em ações que supram as necessidades desse grupo é algo fundamental”, explica o gerontólogo Antônio Leitão, gerente da entidade à frente do trabalho.
O pensamento é confirmado pelo advogado José Eurílio Filho, 51, que contratou um plano de previdência privada, há cerca de dez anos. “Sou profissional liberal e entendo que o aporte do INSS não conseguiria garantir o padrão de vida que busco para mim e minha família. Os cálculos e tabelas são injustos, mesmo para quem trabalha a vida inteira. A gente vai pensando no amanhã, no envelhecimento e formando uma garantia para não ter que ficar dependendo de terceiros”, explica. Ele optou por uma mensalidade mais modesta, com a alternativa de poder realizar aportes maiores sazonalmente. “Quando sobra algum dinheiro no orçamento, já direciono para este pé-de-meia”, brinca.
Fuente: Diario de Pernambuco
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