Segundo Celso Damadi, a diversificação de negócios e de produtos foi fundamental para o resultado alcançado pela Porto em 2024.
Como a Porto avalia o seu resultado no 4T24 e em 2024?
O resultado do 4T24 foi em linha com o nosso guidance. Em relação ao ano, nós tivemos um 2024 muito bom em termos de crescimento e diversificação, o que para nós é muito importante, já que a Porto Seguro é mais que uma seguradora. Esse processo de diversificação, que consiste em uma dependência menor de um produto de uma vertical, não começou em 2024, mas se consolidou neste ano.
Essa diversificação também aconteceu dentro da vertical de seguros, onde os seguros empresarial, patrimonial, transporte e residencial, no qual também somos líderes, cresceram em prêmio e resultado. Isso é fruto de um processo de subscrição e de aceitação e de uma estratégia de crescimento regional.
A diversificação no banco também aconteceu da forma como havíamos previsto, com CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e cartões voltando a dar um ROAE (Return on Average Equity) muito bom, além dos bons desempenhos de consórcios e fianças locatícias.
Nenhuma das quatro verticais fechou com um ROAE abaixo de 22%, 23%, sendo que a nossa expectativa era rodar 2024 com um ROAE acima de 20% no consolidado. As nossas quatro verticais, Seguros, Saúde, Bank e Serviços, cresceram com uma lucratividade que entendemos ser razoável.
Como a Porto está vendo a concorrência nos seus mercados?
Com relação a seguros, nós temos uma concorrência mais madura e solidificada, principalmente no automóvel. O segmento teve consolidações importantes, como a venda da carteira da Liberty para a HDI e a compra da carteira da SulAmérica pela Allianz. Como em um mercado mais maduro há menos guerra de preços, as empresas começam a buscar uma rentabilidade média um pouco maior, o que é saudável. Isso porque em um mercado com guerra de preços é muito mais difícil atuar e crescer com rentabilidade.
A Porto sempre entregou rentabilidade nas suas carteiras, mas ela estava lutando contra essa guerra. Como o mercado está mais estável e profissional no sentido de subscrição e de aceitação de risco, isso traz os preços para um patamar mais razoável para o mercado como um todo.
Em Saúde, nós também vemos uma recuperação dos resultados do mercado. O resultado da Porto sempre foi bom, mas o mercado vem recuperando um pedaço das suas margens. Isso porque há um, dois anos, esse mercado estava dando prejuízo, mas agora ele está melhorando a sinistralidade e os reajustes, o que traz uma competição mais saudável, onde as empresas conseguem precificar de forma a buscar rentabilidade com crescimento.
Esse mercado ainda está passando por uma difícil fase de crescimento da inflação médica, que ainda está muito alta no Brasil, perto de 15%, quase o triplo do IPCA. Essa inflação não é composta apenas pelos aumentos de preços quando se compara os mesmos procedimentos, mas também pelos novos procedimentos, exames e tratamentos relacionados ao aumento da longevidade.
O lado bom dessa questão é que quando se aumenta a cobertura e os procedimentos dos planos, as pessoas sentem mais necessidade de ter o produto Saúde. Além disso, as empresas de pequeno e médio porte estão começando a comprar esse produto para os seus funcionários. Essa junção de necessidades gera um mercado com uma possibilidade maior de crescimento.
No mercado bancário, nós temos a vantagem de ainda sermos muito pequenos, o que faz com que tenhamos uma avenida muito grande para crescimento.
Com relação ao mercado de serviços, ele ainda não é consolidado. Nesse mercado, nós estamos tentando nos consolidar como um grande hub, um grande prestador de serviços que vai entrar na casa dos clientes para fazer diversos serviços, como limpeza e manutenção de aparelhos de ar-condicionado ou instalação de gás. Para isso, nós estamos aumentando o escopo de alguns serviços e atendendo clientes que não eram da Porto.
Na parte de Seguros, a Porto destacou o desempenho dos seguros patrimonial (+13,8%) e vida e previdência (+10%). Na avaliação da companhia, porque tem havido tanta demanda nesses segmentos?
Nós temos quase 40 mil corretores na nossa base que estão abraçando esses produtos e vendendo, cada vez mais, seguros que não são automóveis. Para isso, nós temos aumentado o pagamento de comissão para os nossos corretores através da venda de outros produtos. Hoje, um corretor da Porto não vende apenas um seguro empresarial ou patrimonial, mas também outros produtos como cartão de crédito e consórcio.
Apesar do automóvel ainda ser um foco muito importante para a Porto, com muito espaço de crescimento regional, nós temos a estratégia de crescer em outros ramos dentro da própria vertical de seguros.
Como a Porto avalia o desempenho da Porto Saúde? O que explica o crescimento de 43,9% no comparativo com 2023?
Nos últimos anos, nós lançamos produtos específicos que se adaptam às necessidades dos clientes em termos de preço, qualidade e rede. Por exemplo, nós lançamos o Saúde Pro, que tem uma rede formada por parceiros como o Sírio Libanês e que tem uma tabela de preços muito competitiva para os nossos clientes. No ano passado, nós também criamos o Saúde Bairro, para empresas que estão em uma determinada região, com uma rede mais restrita, mas com um preço muito mais competitivo. Com isso, Saúde cresceu 132 mil vidas em 2024 com um ROAE próximo de 25%.
Além disso, nós criamos estruturas de regulação de sinistro, prevenção a fraude e de melhoria da subscrição e aceitação, tudo isso para fazermos um bom preço, que não é cobrar caro, mas cobrar o valor correto para aquele risco.
Aqui, eu volto para o canal corretor, que abraçou o produto. Além do nosso processo de pré-venda, venda e pós-venda ter melhorado muito, nós temos ampliado a base de corretores de seguros que vendem Saúde hoje. Comparado com 2023, nós temos três vezes mais corretores.
Esse crescimento não se deve a uma regra ou a um motivo, mas a um conjunto de medidas que foram tomadas nos últimos anos e que estão propiciando o crescimento de Saúde nesta velocidade, sempre com foco em qualidade e rentabilidade.
Como a companhia está vendo o quadro macroeconômico para 2025? Esse quadro está refletido no seu guidance para este ano?
Eu vou começar essa resposta pela segunda pergunta. Está. Nós temos a Porto Asset, que possui uma estrutura de economistas muito boa e que faz a análise do cenário macro que é contemplado em todos os nossos orçamentos e guidances. Lógico, como o cenário macro é muito volátil, ele pode mudar de um trimestre para o outro. Assim, para 2025, nós temos um cenário macro, comparado a 2024, com uma inflação um pouco maior e uma redução do crescimento do PIB, com o Brasil crescendo perto de 2%.
Por mais que o cenário macro traga desafios para todo mundo, e a Porto não está longe disso, nós também temos desafios positivos. No nosso guidance para este ano, o resultado financeiro cresce de forma bastante relevante, passando de um guidance em 2024 de R$ 850 milhões a R$ 1 bilhão, com um realizado de R$ 920 milhões, para um guidance em 2025 de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,4 bilhão.
Com relação a Saúde e Bank, como essas duas verticais ainda possuem penetrações muito pequenas, nós colocamos um crescimento robusto para elas, já que acreditamos que é possível evoluir nesses dois mercados onde não somos líderes.
Como a companhia avalia as suas perspectivas para 2025?
Em 2025, nós vamos continuar o processo de diversificação. Em conformidade com o nosso guidance, Seguros deve crescer, sendo que patrimonial e residencial devem crescer dois dígitos, e Saúde e Bank devem crescer acima de 20%. Esse conjunto de negócios vai fazer uma Porto Seguro ainda mais diversificada em receita e resultado do que em 2024, apesar de todos os desafios macroeconômicos que devem acontecer neste ano.
Considerando a conversa que tivemos, você gostaria de acrescentar algum ponto à sua entrevista?
Nos últimos cinco anos, a Porto Seguro investiu em média de R$ 400 milhões de capex focada na experiência do cliente e do corretor e no nosso processo de venda e pós-venda. Além disso, os nossos indicadores de qualidade, como contact rate e NPS (Net Promoter Score), melhoraram muito em 2024.
A Porto não está melhorando apenas a sua robustez financeira, mas também a sua qualidade de serviço, que é o seu DNA. Para isso, nós estamos investindo muito forte em tecnologia e em digitalização, o que nos possibilita diluir custo fixo e ganhar produtividade. A cada ano, a Porto fica mais competitiva, o que lhe possibilita melhorar os preços para os seus clientes. São esses componentes que estão por detrás do crescimento e da lucratividade da Porto.
Fuente: Monitor Mercantil
Enlace: https://monitormercantil.com.br/porto-pssa3-resultado-do-4t24-diversificacao-e-perspectivas/
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